Covid-19: Resumo da semana (1 a 7 de agosto)
Na tarde de quinta-feira (6), o mundo registrou 18.908.111 casos confirmados e 710.318 mortes por covid-19, segundo o Coronavírus Resource Center da Johns Hopkins University.
Durante transmissão on-line para tirar dúvidas do público, o diretor de programas de emergências da Organização Mundial da Saúde (OMS), Michael Ryan, disse que a média geral de prevalência de anticorpos entre as pessoas que tiveram covid-19 está em torno de 10% , e que casos podem ser registrados muito tempo depois do surto global de uma doença pandêmica.
O Brasil chegou a 2.917.562 casos confirmados e 98.644 mortes pela doença em 6 de agosto, de acordo com levantamento diário feito pelo do consórcio de veículos de imprensa a partir de dados das secretarias estaduais de Saúde. A média foi de 43 mil casos por dia na última semana. Não houve redução ou aumento significativo em relação aos últimos 14 dias. Sete estados enfrentam alta nos óbitos .
A pandemia segue tendência de aceleração há 15 semanas , segundo cálculos do Centro de Controle de Epidemias do Imperial College, no Reino Unido, um dos principais centros de análise das tendências da pandemia. O país se aproxima de 3 milhões de casos confirmados e 100.000 mil vidas perdidas para a covid-19.
Nos Estados Unidos, o número de casos voltou a crescer na maior parte do país , com mais de 70 mil casos novos e 1000 óbitos por dia. Entre os locais mais atingidos estão a Florida, o Texas e a Califórnia. Enquanto alguns lugares adotam medidas mais restritivas, outros seguem na reabertura da economia. Há uma grande discussão sobre o retorno às aulas. A recomendação dos Centers for Disease Control and Prevention (CDC) do governo americano é que as escolas retomem suas atividades apenas onde a taxa de testes positivos se mantiver abaixo de 5%, mas a maioria dos estados americanos não parece inclinada a acatar a recomendação.
Na cidade de São Paulo, nas escolas municipais, a volta dos alunos é facultativa e haverá aprovação automática. Já as escolas estaduais estão enviando um termo de responsabilidade aos pais com duas opções. Uma é garantir que os estudantes cumprirão as atividades à distância se a escolha for não retornar. A outra é concordar com a volta assumindo que a decisão foi tomada com conhecimento dos riscos de contaminação envolvidos. Na cidade do Rio de Janeiro, a Justiça proibiu o retorno às aulas presenciais nas escolas particulares e estabeleceu multa diária para os estabelecimentos que descumprirem a decisão. As escolas públicas municipais estavam autorizadas a retomar as aulas, mas o governo do estado prorrogou a restrição de funcionamento às públicas e privadas até o dia 20 de agosto.
Corrida global pelas vacinas
Boa notícia para os brasileiros. Por meio de medida provisória (MP) assinada na tarde de 6 de agosto, o governo federal destinou R$ 1,9 bilhão de reais à produção de 100 milhões de doses da vacina desenvolvida pela Oxford University em parceria com a farmacêutica AstraZeneca. A medida entra em vigor a partir da sua publicação no Diário Oficial da União, mas precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional no prazo de 120 dias. Do total, R$ 1,3 bilhão de reais serão pagos à farmacêutica, conforme contrato de encomenda tecnológica anteriormente firmado; R$ 522,1 milhões de reais serão absorvidos na produção da vacina pela Fiocruz/Bio-Manguinhos e outros R$ 95,6 milhões serão investidos no processo de transferência de tecnologia. No mundo, a empresa americana Moderna Inc. divulgou ter recebido US$ 400 milhões de dólares em depósitos para sua vacina. Israel informou que tem um excelente imunizante pronto para iniciar testes em humanos.
Depois de dizer, na segunda-feira (3), que talvez não exista uma vacina para a covid-19, o diretor-geral da OMS, Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, Ph.D., voltou a falar sobre o assunto três dias depois: “A razão para ter dito aquilo é que estar esperançoso quanto às vacinas é bom, mas muitos não estão usando as ferramentas que temos agora”, comentou. “Minha mensagem foi: vamos fazer o que podemos hoje para salvar vidas”, declarou o Dr. Tedros.
Credibilidade da informação científica
Nunca houve tantas publicações científicas em um período tão curto de tempo como agora. Em apenas seis meses, foram mais de 28.000 artigos sobre a doença em revistas com revisão por pares, e mais de 6.000 manuscritos disponíveis nos servidores de preprints, em que se pode publicar sem passar pelos revisores de um periódico científico tradicional. A ciência nunca circulou tão rápido e com tanta liberdade como na guerra contra o SARS-CoV-2. Mas qual é a confiabilidade da informação científica desses estudos? O Medscape discute os desafios da comunicação acadêmica deste período.
Maior chance de AVC e o risco de reinfecção
Pacientes com covid-19 têm até sete vezes mais chances de acidente vascular cerebral do que os pacientes com influenza. A mortalidade também é maior, como constatou um estudo comparativo feito em dois hospitais da cidade de Nova York (EUA).
A imprensa brasileira repercutiu com destaque na quinta-feira (6) um estudo da Universidade de São Paulo (USP) sobre a possibilidade de reinfecção . Um caso no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, dois no Hospital das Clínicas de São Paulo, e vários pelo mundo, fazem cientistas investigarem as causas. Respostas podem estar no sequenciamento genético, na cultura viral e na pesquisa de outros agentes infecciosos. Os cientistas acreditam que são casos raros, e defendem que mais estudos sobre a imunidade à covid-19 são necessários.
Segurança da parturiente e da equipe
Levantamentos sobre os casos de covid-19 entre mulheres admitidas na maternidade estão subsidiando a discussão das medidas de segurança adequadas para proteger o recém-nascido, a mãe e os profissionais da saúde. Quais os cuidados com as parturientes desde o momento em que chegam ao hospital para dar à luz? E o que fazer se a mulher testar positivo para o vírus SARS-CoV-2?
Profissionais da saúde à própria sorte
Levantamentos recentes jogam luz sobre as dificuldades dos profissionais da saúde. Apenas 35,2% foram testados , segundo pesquisa conduzida pelo Núcleo de Estudos da Burocracia (NEB) da Fundação Getúlio Vargas (FGV). O levantamento é recente e envolveu 2.138 profissionais de saúde de todas as regiões do Brasil. No Rio Grande do Sul, tribunal determinou que todas as categorias da saúde envolvidas no combate à covid-19 sejam testadas até meados de agosto.
O número de profissionais da saúde infectados pela covid-19 praticamente triplicou em menos de dois meses , de acordo com informações divulgadas pelo Ministério da Saúde em 5 de agosto. Os dados oficiais apontam atualmente 233.912 casos confirmados e 169 mortes. As entidades têm números diferentes. O Observatório da Enfermagem, por exemplo, registra 325 mortes por covid-19 apenas entre os profissionais de enfermagem.
Planejamento familiar e suporte no câncer sob risco
Novo relatório baseado em informações de 157 organizações de 56 países mediu o impacto da pandemia na realidade dos pacientes com câncer. Dois terços dessas organizações informaram a suspensão dos programas de rastreamento do câncer em seus países, e 59% indicaram queda nos encaminhamentos urgentes por suspeita da doença. Cortes de pessoal foram feitos em 1 a cada 10 das organizações pesquisadas. Uma proporção semelhante de organizações liberou temporariamente os funcionários.
Diante da pandemia de covid-19, serviços de saúde sexual e reprodutiva também suspenderam ou reduziram suas atividades ao redor do mundo. As consequências disso para a saúde pública são examinadas em artigo que relata o impacto dessa situação na Índia e apresenta recomendações de uma entidade internacional.
Fonte: UNIVADIS